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Brasil: um país sem projeto estratégico de nação

Neste momento, milhões de brasileiros e cidadãos de todo o mundo assistem aos noticiários preocupados não apenas com as implicações no campo da saúde, mas também com o futuro da economia. No atual cenário, nunca a administração foi tão necessária: seja para enfrentar problemas relacionados à gestão hospitalar e sanitária, como no âmbito das soluções para sobrevivência de negócios e geração de emprego e renda.

A crise econômica — antes já existente, porém agora mais agravada pelo novo coronavírus — fez a sociedade brasileira deparar-se com uma realidade outrora ignorada pela população e autoridades públicas. A gestão do erário e a maneira como parte da população brasileira vem lidando com suas contas, a alta inadimplência é exemplo disso, trazem à tona séculos de má-gestão pública e privada.

Falta ao Brasil um projeto estratégico de nação. Além de analisar friamente os cenários e ambientes, ele parte do pressuposto de que as organizações precisam ter o mínimo de musculatura econômica para enfrentar as crises em geral.

O novo coronavírus deixou o mundo de joelhos; mas trouxe lições sobre prioridades e sobre a necessidade de haver um plano de contingência, perante um problema da envergadura de uma pandemia. Antes de a doença entrar nas agendas dos noticiários brasileiros, discutia-se maneiras de aumentar a competitividade no exterior e diminuir o desemprego, embora pouco tenha sido feito — com eficácia, eficiência e efetividade — para obter o sucesso esperado.

O país ainda enfrenta dificuldades em adentrar o cenário da Indústria 4.0, enquanto o mundo já fala, e está, na Revolução 5.0. A inteligência artificial, fruto da Quarta Revolução Industrial, inegavelmente veio para ficar e não há como lutar contra a realidade, mas, sim, integrar-se e fazer parte dela.

Diante do contexto atual, a RBA edição 135  tem trazido realidades díspares: tal como a nova maneira utilizada pelos setores de gestão de pessoas, que utilizam a inteligência artificial na aquisição de novos colaboradores. Ao mesmo tempo, mostra que até mesmo até o Supremo Tribunal Federal (STF) — sim, o setor público — já utiliza softwares robôs para executar processos de trabalhos, antes realizados por pessoas.

Já no setor privado, próximo do que acontece na esfera pública, existe, contudo, falta de iniciativa em investir no gargalo, que poderia tornar-se a solução: tanto para a geração de emprego e renda como, também, lucro. A logística reversa é case de sucesso em todo o mundo e recurso de inúmeras possibilidades, por implementar de modo reverso a coleta do que antes fora descartado e pelo potencial de melhorar a qualidade de vida e preservar o meio ambiente.

Na indústria criativa do Brasil, preciosas oportunidades são perdidas ao não registrar corretamente as patentes de produtos e marcas. O tema é desconhecido pela maioria das pessoas que deseja inventar ou criar algo novo no Brasil. 

Mesmo no século 21, o potencial das incubadoras é ignorado ou desconhecido como instituições fomentadoras de desenvolvimento e riqueza para as nações. Elas são responsáveis por dar o pontapé inicial em projetos que poderiam ter morrido ou ter sido apenas uma boa ideia que não fora concretizada.

Alguns dos principais negócios inovadores da atualidade passam pelas startups. Na prática, são pequenas empresas em fase inicial, cuja falta de estímulo financeiro, conhecimento e preparo as teriam feito morrer nos primeiros anos de existência, ou sequer existido por falta de planejamento.

A RBA tem trazido temas estratégicos para o desenvolvimento do Brasil, não apenas nesta edição, mas sempre que é publicada. Ela é fruto do trabalho do Sistema CFA/CRAs, que tem como objetivo levar informação de qualidade e educação para os profissionais da Administração, registrados, de todo o país.

Mesmo tendo modificado de modo repentino as suas rotinas de trabalho, em razão da pandemia de Covid-19, todos os colaboradores e conselheiros do CFA continuam a produzir incessantemente. A convicção em fazer um país mais seguro, por meio da fiscalização, e mostrar à sociedade a importância das carreiras da administração são nosso foco e nossa missão.

Adm. Mauro Kreuz

Presidente do Conselho Federal de Administração (CFA)